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domingo, 30 de março de 2014

O fim do FIFA Manager 14



Era final de novembro e a Electronic Arts (EA) anunciava o fim de sua franquia de gerenciamento de futebol. Após quase mais de uma década, o FIFA Manager 14 é o último de sua espécie. Lançado em 2002 com a alcunha de Total Club Manager (TCM), o jogo não conseguiu alcançar o mesmo patamar que o grande expoente do gênero, o Football Manager (FM), da Sports Interactive. Porém, o absurdo não foi o cancelamento da franquia, foram os motivos dados pelo criador da série: "O interesse pelo gênero diminuiu, as pessoas querem jogar jogos online em seus tablets e smartphones". Por que esse motivo é absurdo? E quais as razões da verdadeira derrocada do jogo?

Gerald Köhler, criador do TCM, podia ter sido mais sábio em suas palavras, você não pode dizer que o gênero diminuiu se seu principal concorrente segue ano após ano batendo recorde de vendas e arrecadação pelo mundo inteiro, principalmente após a revolução causada pela Steam no mercado de download digitais. Ou seja, se meu rival segue crescendo e lucrando, como que o interesse diminuiu? Obviamente foi uma desculpa esfarrapada da EA para encerrar uma série que não é lucrativa, mas podiam ter sido mais criativos, no próprio jogo eles encontrariam dezenas de razões para dar.

O FIFA Manager sempre foi conhecido por seu lado mais interativo com a vida real do treinador e por lhe dar a opção de assumir qualquer cargo na diretoria de um clube. Se você quisesse, você poderia ser presidente, diretor de futebol, diretor de finanças, diretor das categorias de base e nem sequer tocar na parte de ser um treinador. Além disso, sempre houve muitas expectativas ao redor do motor 3D do jogo, já que ele era derivado do FIFA, grande sucesso futebolístico da mesma empresa. Porém, com o passar do tempo, o FIFA evoluía e destruía ano após ano os rivais da área, enquanto o seu lado Manager ruía.

O motor 3D sempre foi algo não mais que bizarro, tinha toda a tecnologia da EA para isso, inclusive já consolidada e mesmo assim, a programação das ações e a maneira como elas aconteciam muitas vezes fariam invejas as bolas murchas do mundo todo. Enquanto o FM aposta num 3D mais simples e bem programado, a equipe de inteligência artificial do motor de jogo do FIFA Manager parecia não saber o que fazer. E olha que durante muito tempo o principal rival se destacou um simples e bem executado campo de futebol em duas dimensões.

Outro detalhe é a péssima base de dados do jogo e a forma como ela se desenvolvia dentro do próprio jogo. Enquanto a Sports Interactive é procurada por diversos clubes da Europa para fornecer os dados de sua base de dados para os seus departamentos de olheiros e contratações, a série de Köhler tinha uma quantidade de informação minúscula e em alguns casos, absurda. Obviamente que a série FM revelou diversas lendas urbanas do futebol na internet, mas nada se compara as promessas e jogadores gerados pelo FIFA Manager.

Outro ponto bastante discutível da condução do jogo foi a falta de evolução e as promessas de modificações que arruinaram ainda mais um jogo que pelos idos de 2006 e 2007 tinha um certo potencial. O grande problema dessas mudanças do jogo é que elas só vieram após a consolidação definitiva do FM e da afirmação do gênero no mercado de games. E o pior, o que era para ser a salvação da lavoura acabou sendo passos em direção ao abismo. Mais uma bola fora do gerenciamento da EA, mas esse é um fato que os diretores da "Pior Empresa do Mundo" nos dois anos (esse ano foi eliminado da disputa pela Time Warner) parecem não se importar, já que cometem falhas de gerenciamento em quase 90% de seus jogos.

O que faltou para o FIFA Manager foi a ideia de não tentar se aproximar do nível do Football Manager, que já tinha uma certa estrutura advinda do Championship Manager e sim fortalecer o jogo em seus pontos fortes. O lado pessoal do treinador sempre foi um dos pontos fortes do jogo, assim como o micro management em diversas áreas, inclusive sempre sugeridas para as novas versões do Football Manager. E isso tendo em vista, que tecnicamente, o FIFA Manager se afastou drasticamente da curva de simulador para a curva de jogo arcade e talvez se tivessem mantido essa linha, dando uma opção mais barata que o FM e com opções que o mesmo não tivesse, talvez fosse um hit algum dia quando a Sports Interactive tentasse dar passos maiores que as pernas.

Talvez a grande falha do FIFA Manager foi ser um jogo do cartel de jogos de uma grande empresa como a EA, que não anda se importando muito com os jogadores e muito menos com a qualidade dos seus jogos, se preocupa mesmo é com o balanço trimestral positivo. Mas se tem uma coisa que Köhler acertou, é que as pessoas querem mais jogos online, então porque ele nunca pensou em fazer do FIFA Manager uma forma das pessoas gerenciarem seus clubes tal qual é o Ultimate Team do FIFA? Pois um Football Manager com um modo online decente já poderia ter enterrado o FIFA Manager muito antes.

3 comentários:

  1. Joguei o Fifa Manager antes de jogar meu primeiro Football Manager, em 2009. Mas seria interessante mesmo ver um jogo desses com um bom modo online.

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  2. O problema da EA é que ela dá mais atenção a seus acionistas que a seus consumidores. Se tá vendendo, vamos lançar um novo da série (mesmo que sua qualidade saia comprometida); se não tá, agente cancela.

    Sem falar que eles não prestam atenção nessas "pequenas coisas" que fazem a diferença. Eu adoro o lado tycoon do FIFA Manager, mas detesto seu lado manager (com sua grande qtd de firulas desnecessárias, como a hierarquia de equipe, por exemplo). Jogo Football Manager desde 2007 (ou 2006, não lembro exatamente agora), e pude acompanhar a evolução do jogo. Cada "detalhe" que era incorporado não era por enfeite, mas tinha sua razão de ter surgido. Do facegen à youth intake, suas novas features não fizeram o jogo se tornar (muito) mais complexo.

    Enquanto isso, o FIFA Manager foi ficando cheio das opções e acabou que era impossível jogar aquilo por mais de um mês (do jogo). Até o Madden 08 (sim, sou PC gamer, então o último Madden que eu tenho é o com o Vince Young na capa...) consegue conciliar o tycoon com o manager no Franchise Mode de forma simples. Se eu soubesse programar, eu faria o meu próprio manager, e manteria as coisas no esquema "fácil de aprender, difícil de dominar", em vez de criar um monte de perfumaria.

    Resumindo pra EA: KISS (Keep It Simple, Stupid)

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  3. A EA muitas vezes se perde, por exemplo, conseguiram estragar o SimCity que era uma franquia consolidada e tinha uma puta hype por uma questão idiota, só pode jogar se estiver online. Porra, tu perde zilhares de consumidores. E se perder muitos consumidores, as explicações aos acionistas vão ser piores. Mas pelo que parece, eles começaram a se conscientizar um pouquinho, vamos aguardar a evolução.

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