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domingo, 23 de março de 2014

O efeito Skyrim

Olá, sou o Henrique M., esse é meu post de estreia aqui no Bloge e constantemente usarei esse espaço para discutir o que ocorre no universo gamer, as tendências, o que está vindo e o que está voltando, além de ocasionalmente usar desse espaço para reviews, previews ou até mesmo uma repassada em grandes jogos que estão no limbo da escuridão e nunca chegaram ao mercado mainstream.

The Elder Scrolls V: Skyrim foi um dos grandes jogos da geração atual e também de todos os tempos. O trabalho da Bethesda foi magnífico na produção e criação dessa obra-prima. Além de ser um jogo de gráficos exuberantes, gameplay simples, dinâmico e de fácil assimilação, a evolução do personagem através de perks e por habilidades ao invés de levels fora uma grande adição ao universo do RPGs, tornando possível que você pudesse ter a combinação que desejasse para seu personagem. Porém a grande influência do jogo não foi o gameplay, não foram o sistema de construção de personagem e nem a possibilidade de se matar dragões a torto e a direito, o grande trunfo de Skyrim foi ser o primeiro RPG que estourou em modo Sandbox, aonde você poderia fazer o que desejasse, ser quem quisesse, seguir o rumo que mais lhe agradasse. E isso num jogo de RPG é fantástico.
A novidade fez um sucesso estrondoso, sendo um dos grandes fatores que impulsionaram o excelente trabalho que já havia sido feito nas outras versões de The Elder Scrolls ainda mais alto. Skyrim atingiu um ponto que os excelentes Morrowind e Oblivion não foram capazes, apesar de serem ótimos RPGs e seguirem a linha de ações do quinto jogo da saga. O jogo foi tão lucrativo e impactante para a sua produtora, que eles resolveram investir num MMORPG, o The Elder Scrolls Online. Até o momento, as críticas da imprensa são muito boas, mas a novidade no mundo dos jogos online vai dividindo as opiniões entre os jogadores.

Contudo, não estamos aqui para discutir os jogos da saga da Bethesda e nem sua versão online. Quero falar sobre o efeito que Skyrim resultou no mundo dos RPGs, principalmente nas grandes novidades para o universo gamer no que tange ao estilo de jogos.

Para o ano de 2014, dois grandes jogos de RPG são esperados: The Witcher 3: Wild Hunt da CD Projekt Key e Dragon Age: Inquisition da Bioware. Ambos os jogos são continuações de duas sagas de RPGs consolidadas e por isso são grandes exemplos de como o efeito Skyrim atingiu até grandes jogos com uma base de fãs consolidadas.

A série The Witcher chegou trazendo uma narrativa obscura e um sistema de alchemy que altera completamente a facilidade com que o jogo se desenvolve para o jogador em níveis mais complexos, modificando bastante o conceito RPGzistas tinham de poções no jogo. A premissa principal de Geralt, o personagem principal, é seguir a risca a filosofias dos Witchers enquanto busca recuperar sua memória. Do começo ao fim do jogo, Geralt é desafiado a manter sua imparcialidade como Witcher ou se aliar a uma das duas facções que estão em guerra. E essa filosofia foi seguida nos dois primeiros jogos da série.

Para o terceiro capítulo da história de Geralt of Rivia, a CD Projekt Key prometeu que o jogo terá 36 finais diferentes, 12 mundos 3 epílogos jogáveis, tudo isso para maximizar a experiência do jogador em um gameplay que deverá durar mais de 100 horas, segundo a desenvolvedora. Notaram a diferença na filosofia? Sem contar que The Witcher não foi concebido como um jogo Sandbox, pois quando você muda de localidade, o jogo carrega aquela localização, ou seja, você não faz o caminho de uma cidade a outra via estrada se quiser, como em Skyrim.


The Witcher 2 foi lançado em janeiro de 2011 e Skyrim em novembro do mesmo ano, ou seja, o desenvolvimento do segundo jogo não tinha visto o que Skyrim iria fazer no mundo dos RPGs. E levando em conta a diferença de praticamente 3 anos entre Skyrim e The Witcher 3, é visível que o efeito Skyrim chegou até a CD Projekt Key, que até abril de 2012 estava concentrada em lançar um port do jogo para XBOX 360, ou seja, tempo suficiente para que o brainstorm dos responsáveis pelo 3º jogo da franquia de Geralt fosse afetado.

Outro grande exemplo é Dragon Age: Inquisition, os dois primeiros jogos da franquia foram bem diferentes, enquanto Dragon Age: Origins era um RPG profundo e que te envolve na sua narrativa independente de quantas vezes você zerar para buscar todas os plots de origem e final de jogo, sua sequência foi um jogo genérico. A Bioware já havia cometido o mesmo erro em sua outra grande franquia, Mass Effect, mas o foco aqui não é a postura da Bioware com esses jogos.


Dragon Age: Inquisition também foi prometido como um grande Sandbox aonde as ações do personagem influenciariam o mundo completamente e você poderia decidir o que quiser. Teoricamente é a mesma linha de raciocínio de Dragon Age: Origins, porém, o jogo também não foi pensando como Sandbox, já que ele podia ser um RPG não-linear como The Witcher em que você e o mundo sofreria os impactos das suas decisões.

Um exemplo menos famoso e que está disponível em acesso antecipado na Steam é o jogo Divinity: Original Sin, da Larian, que já trouxe Divinity II e Divinity: Dragon Commander, um jogo em que você pode se transformar em um dragão. O ponto aqui é a descrição da própria Larian sobre seu jogo: "Seja parte de um reativo, vivente e vasto mundo aberto" e a promessa é que você poderá interagir com todos os elementos do jogo, inclusive um personagem sem classes definida, criado ao seu gosto e até a oportunidade de criar suas próprias aventuras. No fim, mais um Sandbox em desenvolvimento.

Skyrim foi um grande jogo, mas seu efeito sobre o mundo dos RPGs está sendo muito evidente, as empresas pararam de desenvolver jogos lineares ou não-lineares para focar no modo Sandbox. E quando todos os jogos seguem uma tendência, fica a impressão que no mercado temos jogos genéricos e ninguém afim de arriscar algo inovador novamente. É aquele velho sentimento que todo gamer já teve um dia na vida, as desenvolvedores só querem sugar meu dinheiro com franquias genéricas e promessas não cumpridas.

Quem saiu ganhando com esse foco das grandes desenvolvedores foram os jogos indies, apostando muitas vezes num estilo de jogo mais antigo e que não se vê a tempos, a revolução Indie vem injetando um pouco de diversidade no mercado, mas não é o suficiente, já que raros são jogos dessa classe que tem uma duração extensiva de horas e horas jogando um jogo para zerá-lo.

Com isso, 2 anos após seu lançamento e estrondoso sucesso, Skyrim ainda paira no universo gamer de maneira marcante, fazendo com que consagradas franquias mudem suas fórmulas de sucesso para que suas continuações não fiquem com a impressão de serem manobras caça-níqueis de suas desenvolvedoras para lucrar rios de dinheiro, porém, temos que lembrar que se as coisas continuarem assim, logo teremos um mercado saturado e isso não é bom para as empresas e muito menos para nós, os consumidores.

Obviamente que usei poucos exemplos, mas se você buscar aí na sua cabeça e biblioteca de jogos, verá a crescente absurda de jogos RPG em Sandbox após Skyrim e que os grandes lançamentos que veem por aí seguem essa linha de trabalho, porém, a única coisa que resta é torcer para que as empresas estejam já no fim dessa tendência (algo comum na indústria de jogos) e estejam pensando em ideias para renovar e atrair velhos e novos jogadores novamente. Não gostaria de ver o universo RPGzista se tornando algo como o mercado de FPS, aonde os jogos são genéricos e não tem nenhuma novidade impactante a algum tempo.







5 comentários:

  1. Ótima análise.

    Mas na minha opinião o modelo sandbox em si, não é um problema. O problema é ficar só nisso. Há espaço para inovação mesmo sendo um jogo sandbox. Skyrim mesmo tem espaço para melhorias. Parece tão fantástico pois foi o primeiro a apresentar este nível de liberdade ao jogador.

    Se este novo Dragon Age apresentar o plot envolvente do Origins, num estilo sandbox, não vejo como não ser um baita jogo.

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  2. realmente, o problema é ficar só nisso mesmo, espero que o Dragon Age não nos decepcione...
    e com relação ao The Witcher eu acho que ficou muito grande o jogo, imagina, 100 horas pra terminar a trama principal, é muita coisa, quem não tem muito tempo pra jogar vai ter que se prender metade de um ano só nesse jogo.

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  3. Guilherme, a questão é que o plot do DA2 já decepcionou e ao invés de pensar nas origens de sucesso da própria série, eles resolveram fazer algo que ainda não fizeram e tudo isso porque Skyrim o Sandbox tá na moda.

    Anônimo, para você conseguir todos os finais são mais de 100 horas de gameplay, para zerar fazendo o mínimo, levando em conta esse tanto de final, deve ser entre 10 a 15 horas.

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  4. Sim DA2 foi muito fraco. E sim, resolveram fazer sandbox pq está na moda. Concordo plenamente. Mas por ser muito fan do gênero sandbox, não vejo problema. É uma oportunidade de se fazer um grande jogo.

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  5. Com certeza, mas ele fatalmente querem acreditar que só de ser sandbox vai ser um sucesso, a questão toda é essa. Não adianta nada fazer o jogo em sandbox quando você esquece do resto.

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